terça-feira, 11 de maio de 2010

R$1,1 mulhão do erário público no lixo.

Vereadores que disputam vaga na ALMG ganham computadores e impressoras
 
Ezequiel Fagundes - Estado de Minas
 
Publicação: 11/05/2010 06:22 Atualização: 11/05/2010 06:42
 
A cinco meses das eleições, a Câmara Municipal de Belo Horizonte vai gastar R$ 1,1 milhão em recursos públicos para montar estrutura semelhante à de um parque gráfico nos gabinetes dos 41 vereadores da capital, no momento em que mais da metade dos parlamentares já manifestaram interesse de articular campanhas para deputado estadual. Disponível no site oficial da Câmara Municipal, o relatório mostra a aquisição de sofisticados equipamentos de informática, com destaque para o lote de 87 computadores pelo valor de R$ 539.400 (R$ 6.200 cada um) e 45 impressoras a laser multifuncional por R$ 643.500, ao custo de R$ R$ 14.300 a unidade. A aquisição dos equipamentos só não foi concluída porque a empresa forncedora não entregou as impressoras.
 
Cada vereador terá a disposição em seu gabinete dois computadores e uma impressora, que tem capacidade para imprimir 50 mil páginas coloridas em frente e verso por mês, o que dá uma média de 20 impressões por minuto, conforme prevê a especificação técnica do equipamento. Além de impressora, a máquina tem função de copiadora, scanner colorido e fax, compatível para aceitar os tipos de papel A4, carta, ofício, etiquetas e com capacidade de entrada e saída de 200 folhas de papel na bandeja.
 
Já os computadores têm configuração que permite a elaboração de leiautes para confecção de material de campanha eleitoral, gráficos, ilustrações e cartoons, em alta resolução. Os computadores permitem a leitura e gravação de CD e DVD, além de monitor LCD, de 19 polegadas, com formato que lembra o de uma tela de cinema. A máquina tem ainda oito conectores USB, entrada para microfone e para fone de ouvido e som estéreo.
 
A compra foi feita pela divisão de informática do Legislativo municipal atendendo a um pedido da Mesa Diretora da Câmara, formada pelos vereadores Luzia Ferreira (presidente), Wellington Magalhães, Silvinho Rezende, Anselmo José Domingos, Geraldo Félix, Bruno Miranda e João Oscar. Excluindo os parlamentares Geraldo Félix e Bruno Miranda, os demais são prováveis candidatos a deputado estadual ou federal.
 
Na segunda-feira, a reportagem percorreu os corredores e visitou vários gabinetes na Câmara de BH. Em todos os locais visitados, a informação era a mesma: de que os dois computadores já foram instalados em cada um dos gabinetes, mas as impressoras ainda não. Antes de seguir para o plenário, o vereador Adriano Ventura (PT) confirmou a instalação dos computadores e disse que está esperando pela chegada da impressora. “Por enquanto estamos com aquela impressora velha que está lá no canto, mas a outra já deve estar chegando”, declarou o petista, que garante não ser candidato a deputado.
 
Já o vereador Silvinho Rezende (PT) declarou que os equipamentos serão utilizados pelos vereadores, mas negou que a compra tenha sido feita para produção de material de campanha dos vereadores candidatos. Rezende justificou os significativos valores dos produtos. “São equipamentos extremamente modernos”, alegou. Procurada, a presidente da Câmara, Luzia Ferreira (PPS), estava com o celular desligado, assim como o diretor geral, Geraldo Magela.
 
Inicialmente, o setor de comissão permanente da Câmara informou que os equipamentos foram adquiridos em licitação pública na modalidade pregão presencial, onde os interessados apresentam pessoalmente a menor proposta para vencer. Já na divisão de informática a versão é bem diferente. Dizendo-se responsável pelo setor, um servidor confirmou a compra dos 87 computadores pela quantia de R$ 6.200, cada. Entretanto, disse que a aquisição das impressoras foi cancelada porque a firma que venceu concorrência não conseguiu fornecer os equipamentos em tempo hábil. Indagado se a compra foi cancelada em caráter definitivo, ele respondeu negativamente.