quinta-feira, 4 de junho de 2009

Grupo pagou a vereadores para liberar shopping

Obra do centro de compras na Avenida dos Andradas.


Empreendedor teria pago R$ 300 mil a parlamentares para apressar liberaçãoUm esquema de pagamento de propina para votação de projetos na Câmara Municipal de Belo Horizonte, envolvendo 10 vereadores, alguns da legislatura passada, começa a ser investigado pelo Ministério Público Estadual.
O inquérito civil público foi instaurado a partir do depoimento do ex-vereador Sérgio Balbino (PRTB), o Balbino das Ambulâncias, que entregou uma fita gravada com diálogos que revelam a negociata, os quais o Estado de Minas teve acesso. No grupo, há vereadores que teriam recebido até R$ 30 mil para votarem a favor do projeto que liberou a construção do Boulevard Shopping, um empreendimento privado, na Avenida dos Andradas, no Bairro Santa Efigênia.

Os valores foram pagos em espécie, em envelopes pardos, um dia depois da votação, em maio do ano passado. De acordo com o ex-vereador Balbino das Ambulâncias, o grupo de vereadores exigiu o pagamento de R$ 500 mil para a aprovação do projeto do empresário Nelson Rigotto Gouvêia, sócio-proprietário da empresa NRG Empreendimentos Ltda., que por sua vez detém 30% do investimento do Boulevard Shopping.

A primeira reunião de negociação aconteceu em uma das sedes da empresa na Rua David Campista, 236, também na Floresta. Balbino conta que participou da primeira rodada do acerto, depois de ter sido “convidado para receber uma ajuda de campanha em troca de apressar a votação do projeto”. O valor da propina, entretanto, ficou fechado em R$ 300 mil, a serem pagos em duas parcelas: R$ 160 mil após a votação e outros R$ 140 mil depois da aprovação de alterações no projeto original.

Devolução Balbino das Ambulâncias prestou três depoimentos ao Ministério Público Estadual, sendo o primeiro a assessores da Procuradoria-Geral de Justiça e outros dois à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, ao promotor Eduardo Nepomuceno, a quem foi entregue cópia da gravação, em 25 de maio. Nela, o ex-vereador demonstra a compra da votação ao registrar a devolução do dinheiro que recebeu – R$ 30 mil, ao filho do empresário Nelson Gouvéia, novamente na sede na empresa na Floresta. Segundo Balbino das Ambulâncias, a devolução aconteceu no mesmo dia em que recebeu o dinheiro, já à noite.

“Eu me infiltrei nesse grupo de vereadores para comprovar a corrupção. Não concordo com isso, o que me fez devolver os valores”, afirmou o ex-vereador. O ex-parlamentar não sabe informar se a segunda parte do acerto foi feita, mas garante que os R$ 160 mil foram distribuídos da seguinte forma: R$ 30 mil para os articuladores da negociação – ele, Carlos Lúcio Gonçalves, o Carlúcio Gonçalves (PR), que não se reelegeu, e Hugo Tomé (PMN) – e o restante, ou seja R$ 70 mil, para serem distribuídos igualmente para Alberto Rodrigues (PV), Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), Geraldo Félix (PMDB), Reinaldo Lima (PV), Vinicius Dantas (PT), Valdir Antero Vieira, o Índio (PTN), e Valdivino Pereira (PTC), sendo que os quatro últimos não conseguiram se reeleger.

Balbino das Ambulâncias afirmou ainda que até a partilha da propina gerou uma queda de braço entre o grupo devido à diferença dos valores. “Para acalmar os ânimos, o Carlúcio disse que os outros receberiam uma maior parte no pagamento da segunda parcela”, explicou o ex-vereador.

"Esses são os parlamentares que representam a populaçãoO PM deverá fazer uma devassa nesta denuncia e punir com rigor essas pessoas que usam o cargo politico em beneficio proprio. É uma vergonha."
uai

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